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Bárbara. Uma força da natureza. Livro aberto, coração resiliente. Mãe fera, mãe colo. Que se abre, inteira e infinita, num abraço que carrega três amores. Alma livre, inspiradora, por remar contra a maré das tradições que continuam a legitimar violências várias – desde o pequeno animal humano ao animal não-humano maior. Obviamente que ela não podia ficar de fora desta rubrica — caso contrário ficaria uma sensação de algo incompleto — e, assim como eu, espero que adorem cada palavra que ela aqui partilhou ♥
Fala um bocadinho de ti.
Chamo-me Bárbara, sou mulher fascinada pela vida, mãe maravilhada de 3 filhos veganos (11, 5 e 3 anos) e namorada apaixonada pelo homem que caminha a meu lado. Sou, enfim, uma mulher rendida aos sentimentos incríveis que se experimentam no turbilhão duma família recheada.
Sou licenciada em Psicologia, mas actualmente prefiro mergulhar nos assuntos da saúde física, especialmente na sua associação com a alimentação e o estilo de vida. Sou autora dos livros Lexy, o menino vegano e Onde está a proteína? e descobri uma paixão pelo desporto aos 43 anos: a musculação. A vida é cheia de descobertas boas.
Quando te tornaste vegana? Quais foram os motivos principais?
Tornei-me vegana em 2009. Já tinha deixado de comer animais em 1999 depois de ter visto um documentário sobre a exploração de animais em diversas áreas. Aquilo abanou o meu mundo: chorei durante semanas sempre que me lembrava, como pude eu estar adormecida tanto tempo?
Mas, de 99 a 2009, embora tivesse longos períodos como vegana, acabava por ceder às tentações do queijo: na altura não existiam queijos veganos, senão teria sido muito mais rápido. Se compararmos as opções veganas de hoje com as que existiam naquela década, é absurdo. Quando me tornei ovolactovegetariana só existia soja desidratada e uns burgers que sabiam muito mal, hahaha. Eu sabia que animais não comeria mais mas o queijo foi realmente difícil; está provado que ele é, de facto, aditivo. Mas consegui, hoje sinto zero falta.
Como foi a tua alimentação durante as tuas gravidezes? Que cuidados tiveste?
Tive mais cuidados a nível de suplementação: reforcei iodo, B12, vitamina D3, K2, os ómegas. Tentava ser constante, pois, sabia que era importante ter bons valores, tanto para a gravidez como depois para amamentar (ainda amamento em tandem os dois mais novos). Também reforcei alimentos ricos em ferro, especialmente no segundo trimestre. Durante a gravidez e o aleitamento ingiro também mais calorias do que fora desse período, claro, tendo cuidado para ingerir alimentos variados, como vegetais, frutas, sementes, frutos secos, cereais, dando preferência aos que não têm glúten, super alimentos, etc.
Arte de Catie Atkinson
Como é a alimentação em casa? Quais são as refeições preferidas dos teus filhos?
É uma alimentação variada, tentando que seja a maioria do tempo bem saudável, mas também com alguns ‘pecados’ veganos de vez em quando. Não deixamos de comer as nossas pizzas, bolos, gelados! A preferida do Lexy é lasanha caseira, a do Leonardo são couves, grelos, brócolos, ele delira com isso a qualquer hora do dia. O mais novo gosta muito de batidos com frutas, mas também adora uma coisa um pouco menos saudável mas que tenho de esconder no frigorífico para ele não estar sempre a pedir: vuna (aquela imitação de atum).
Como mãe de três crianças, como lidas com o especismo do dia-a-dia? E como é que as tuas crianças reagem a ele?
Já são tantos anos disto, que honestamente quase já não é assunto. Mas já foi. Na primeira gravidez tive de ouvir coisas como “Estás a por a vida do teu bebé em risco com essa alimentação” e depois dele nascer, “Não vais ter leite nenhum”.
Mas sabes, quando aos 6 meses fui à pesagem e o médico disse “Ele está mesmo gordinho e saudável, andas-lhe a dar papas, não?” e eu respondi “Não, é mesmo só o meu leite”, ele mudou a sua perspectiva sobre esta alimentação, dizendo coisas como “Eu nunca vi um leite tão nutritivo como o teu, de facto a alimentação vegana tem tudo”. Não foram necessárias discussões: eles foram o exemplo vivo de que é possível ter uma gravidez saudável, filhos saudáveis e amamentação prolongada com uma alimentação plant based.
O teu filho mais velho foi a tua inspiração principal para o teu livro infantil “Lexy, o Menino Vegano”. Quando decidiste escrever o livro, qual foi o teu principal objectivo? Irás escrever mais livros infantis sobre veganismo futuramente?
A ideia para o livro começou em 2015; lancei o livro em 2016. O meu filho estava a crescer e não havia um só livro em português sobre veganismo na altura para lhe mostrar: encomendei um livro dos Estados Unidos mas ele era focado no mal estar dos animais. Eu queria falar do assunto duma forma leve, divertida, uma personagem com quem ele se identificasse, pois era o único vegano na sua escola. E na verdade foi um grande sucesso por isso, porque muitas famílias não veganas viram no livro Lexy, o menino vegano uma ferramenta boa para apresentar o assunto aos filhos. Também nas escolas foi e ainda é muitas vezes debatido com as crianças. Fiz algumas apresentações em escolas e todas foram de muito sucesso.
E sim, estou a escrever um novo livro infantil no momento que espero lançar ainda este ano!!
Partilhas conteúdo sobre maternidade. Achas que as mães estão apagadas dentro do movimento vegano? O que podemos e dever fazer para as mães terem mais voz e espaço no veganismo?
É assim, como eu sigo várias mães veganas, não vejo esse apagamento que referes, mas talvez sim, talvez fosse importante mais mães falarem da sua maternidade vegana para desfazer tantos medos e mitos que ainda existem. Devíamos ver mais entrevistas, mais debates, mais páginas voltadas para a maternidade vegana, para que se banalize o assunto, já que é uma forma de alimentação e de vida cada vez mais comum.
Arte de Katie M. Berggren
Também partilhas sobre criação com apego e a importância de respeitar as crianças, ambas um pouco distantes da educação infantil padrão. A teu ver, já há alguma mudança geral nesse aspecto ou ainda muita resistência? Como podemos mostrar às pessoas adultas que a criação com apego não é ‘estragar’ as crianças e sim um passo fundamental para quebrar um ciclo de violência infantil que se perpetua há gerações?
Sem dúvida que existem mudanças, mas ainda há muito terreno para andar. Infelizmente não à velocidade ideal, mas estamos melhor do que estávamos na minha infância ou na tua, com certeza. Ainda vemos que sempre que alguém lança uma conversa sobre colo, sono acompanhado, amamentação, há resistência, há sempre alguém que fala na independência dos pequenos e no excesso de mimo. Tão longe da verdade, pois o apego leva à segurança e futura independência. Ou, sempre que alguém fala contra as palmadas há muita discussão, acredito que por muita culpa materna/paterna, pois é mais fácil esconder numa desculpa do que admitir erros e agir. Todos cometemos erros. Eu cometi imensos, mas o importante é a consciência imediata desses erros, o desejo de mudar e a acção para mudar.
Não aceito o conformismo, não aceito que simplesmente desistamos de ser melhores para os nossos filhos. Haverá luta mais importante de que esta? Do que fazermos o melhor para criarmos crianças felizes, seguras, protegidas, acarinhadas, respeitadas, que se tornarão um dia líderes, médicos, activistas, professores? Não me parece que haja algo mais importante para o futuro do que isto. Oferecer amor para ver amor no mundo.
Por fim, queres deixar uma mensagem para mães que são criticadas e/ou desincentivadas por serem veganas e criarem as suas crianças de acordo com os seus valores?
O meu conselho é: estejam informadas e seguras das vossas opções. Quando estão seguras, essas críticas e tentativas de desmotivação não têm impacto em vocês. Eu, por mais que tenha ouvido todo o tipo de presságio sobre a gravidez, amamentação, crescimento dos meus filhos, mantive-me firme, pois sabia que estava a trilhar o nosso melhor caminho. Sabia que aquelas vozes que me tentavam melindrar nasciam da ignorância sobre este assunto. Porque deveria eu ficar medrosa ou recuar, quando sabia que quem me alertava não tinha qualquer conhecimento sobre este assunto em concreto? Estudem, leiam muito sobre alimentação (sempre, toda a vida, há sempre muito a aprender!), sigam mães veganas, fortaleçam os vossos passos, para que a vossa voz grite sempre mais alto do que todas as outras. ■
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Uma das coisas que mais adoro nesta rubrica é a possibilidade que me dá de conhecer mulheres fantásticas: a Ana Laura é uma delas. Mãe e activista vegana e feminista, a Ana luta por uma maior visibilidade das mães e crianças em ambas as militâncias, que, infelizmente, continuam a ignorar bastante a existência delas. Defende que conflitos comuns, como familiares e escolas não aceitarem ou não respeitarem a educação e a alimentação que os pais dão à sua criança, devam ser vistos como um problema colectivo e não individual. Aliás, foi precisamente quando se começou a ver essa pauta como um problema colectivo que em Portugal, finalmente, passou a ser lei que todas as cantinas públicas incluíssem uma opção totalmente vegetal (se bem que ainda há muito trabalho a fazer).
Além de pertinente e necessário, o seu posicionamento levanta muitas bandeiras que tanto o veganismo como o feminismo devem enxergar e acolher, pelo que não podia ficar de fora desta entrevista, juntamente com as suas experiências e vivências enquanto mãe. Acredito que as suas palavras encorajadoras inspirarão várias mulheres e mães a encontrarem a sua voz e a não ficarem (mais) caladas.
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A natureza humana é compassiva e as crianças são prova disso. Quando deixamos que uma criança seja ela própria, muito dificilmente quererá maltratar e, muito menos, matar um animal. Quando lhes perguntamos se os animais — sejam cães, porcos, peixes — são amigos ou comida, é certo que vão responder que são amigos. E, no entanto, acusamos as mães e os pais de forçar um “estilo de vida” nos seus filhos quando a alimentação é coerente com aquilo que as crianças acreditam e defendem.
A Luna é filha da Sarah e mostrou desde cedo, por vontade própria, que não quer fazer mal aos animais e que, por isso, não os quer comer. Ambas são incríveis e inspiradoras, pelo que era inevitável pedir à Sarah para que partilhasse o seu testemunho e as suas experiências, de modo a desmantelar um pouco mais a ideia tendenciosa de que as crianças não podem ter uma alimentação sem crueldade.
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É com muita alegria que vos trago a Claiti Cortes, a primeira mãe do Brasil que participa nesta rubrica. Na sua conta de Instagram, o Imagina Vegan, ela publica refeições saborosas, nutritivas e baratas para toda a família, inclusive para a sua pequena Antonela, que fez dois anos há pouco tempo. Através dessas partilhas pretende mostrar como o veganismo pode ser acessível para todos, bem como a importância de o popularizar para que não seja visto como um mero nicho de consumo. Para quem pensa que uma alimentação totalmente vegetal é dispendiosa, exige demasiado tempo e não é saudável para bebés e crianças, esta entrevista vai com certeza desconstruir essa ideia e esclarecer algumas dúvidas. Fiquem por aqui e leiam as palavras da Claiti ♥
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13/05/2020
Maternidade vegana com a Marta Neves 💙 “Sempre achei que não fazia sentido gostar de animais e matá-los para os comer”
A Marta é uma leitora do blogue que, com todo o carinho, aceitou participar nesta rubrica e, assim, contribuir para a desconstrução do pré-conceito socialmente estabelecido em relação ao veganismo na maternidade. Nesta entrevista, ela partilha connosco a sua experiência em amamentar prolongadamente e como é criar uma criança pequena num ambiente fortemente tauromáquico.
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Quando parei de comer animais, o blogue da Maria de Oliveira Dias foi o primeiro que descobri e que muito me ajudou. O seu trabalho, que alia a alimentação natural e saudável ao que mais adoramos comer, é uma inspiração e, por isso, não podia deixá-la de fora desta rubrica. Apaixonada pelos animais desde pequena, desafiou os hábitos convencionais ainda na infância: agora, transmite os valores da justiça e da compaixão ao seu filho. Venham conhecê-la um pouco melhor ❤
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Quando vi o blogue da Susana percebi logo que tinha de a incluir nesta rubrica de maternidade vegana. N'A Espuma dos Dias, ela aborda o veganismo de uma forma muito simples, directa e divertida: nele podem encontrar os planos semanais das refeições familiares, como é ter um bebé vegano e receitas sem crueldade.
Fã de Jane Austen, é mãe do Simão e adepta da alimentação variada. Deixou de comer animais na adolescência e já era vegana quando o Simão nasceu. Juntamente com o marido forma uma família compassiva e saudável, mostrando como os preconceitos à volta da alimentação vegetariana são totalmente infundados.
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Desde a primeira entrevista que apaixonei-me por esta rubrica e cada vez mais adoro fazê-la. É fantástico conhecer mães tão inspiradoras e que decidiram ser um livro aberto para mostrar como é deliciosamente libertador viver bem sem matar ninguém. Só o facto de estarem a educar um pequeno ser humano mais empático e compassivo já é uma forma de salvar milhares de animais. Porque a bondade, quando plantada, nem o vento mais forte da indiferença consegue arrancá-la do solo. E quando cresce dá frutos, que por sua vez plantarão novas sementes. E assim continua este maravilhoso ciclo de amor e de justiça.
Hoje apresento-vos a Sónia Dias, mãe do rechonchudo Lucas e autora d'A Minha Mãe Vegana. Abraçou o veganismo há quatro anos e o marido seguiu o exemplo no Outono do ano passado. No seu Instagram partilha sobre a sua rotina, as suas paixões e, claro, sobre maternidade sustentável e sem exploração animal. Se ainda não a conhecem, venham daí ❤
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Com o crescimento do veganismo, cada vez há mais pais que transmitem aos seus filhos os valores deste princípio de não-violência. No entanto, é algo que continua a não ser bem aceite, principalmente pela alimentação estar fortemente envolvida. Os costumes especistas, com os quais ensinamos as crianças a ver a exploração animal como necessária e inofensiva, também colocam barreiras.
Precisamente por isso, é importante romper essas barreiras e mostrar o que está para além do estereótipo pejorativo do veganismo – e não há melhor forma de o fazer através das experiências pessoais de famílias veganas.
A Joana Silva é a autora do Just Natural Please, um blogue no qual partilha as suas paixões – incluindo o veganismo, a alimentação saudável e, actualmente, a parentalidade. É a mãe babada do risonho João Diogo e um sólido testemunho de que é possível, acessível e saudável criar crianças mais compassivas.
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A maravilhosa Filipa Range é a criadora d'A Cozinha Verde e, assim como outras mães veganas, irradia saúde e mostra como é perfeitamente compatível ter uma alimentação sem quaisquer produtos de origem animal durante a gravidez e amamentação. Os bebés e as crianças também estão incluídos, com estudos médicos que indicam que a nutrição à base de plantas consegue ser mais benéfica para eles quando bem planeada. A chave está em distribuir bem os nutrientes a partir de refeições variadas, aspecto que a Filipa respeita e que partilha aqui connosco, bem como outras experiências e a sua visão enquanto vegana e mãe de um alegre e saudável rebento.
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