Vou começar este texto contando o que sucedeu quando resolvi parar de comer animais. Tomei a decisão aos dezoito anos quando encontrei, por acaso, imagens e vídeos da realidade que os matadouros e as pecuárias procuram ocultar: a gritaria misturada com a quantidade absurda de sangue espalhada por todo o lado foi como um clique na parte do meu cérebro que esteve adormecida durante todo aquele tempo perante o óbvio. Só consegui pensar como é incrível o que os costumes familiares, as raízes tradicionais e a manipulação dos anúncios alimentícios conseguiam fazer num indivíduo: uma lavagem cerebral, de tal modo abrupta, que nem paramos para questionar sobre quem estamos a comer. Fiquei horrorizada com a cumplicidade que estava a ter para com este sector — porque quem compra para consumir está a pagar para matar — e deliberei a interrupção imediata do consumo de carne.
A reacção dos meus pais quando transmiti-lhes a minha decisão foi similar a 99,9% das famílias quando alguém afirma que não comerá mais animais:
Fizeram um chinfrim tal que pareceu que eu tinha contraído peste bubónica. A batalha só terminou quando tive uma hipervitaminose, após ter sido obrigada a tomar um suplemento: com as análises feitas, os meus pais concluíram que eu estava bem de saúde e reconheceram que exageraram nos seus preconceitos. A esperança é sempre a última a morrer, mesmo quando decide permanecer escondida na caixa de Pandora: a nossa missão é retirá-la de lá e estabelecer o sossego no lar.
Fizeram um chinfrim tal que pareceu que eu tinha contraído peste bubónica. A batalha só terminou quando tive uma hipervitaminose, após ter sido obrigada a tomar um suplemento: com as análises feitas, os meus pais concluíram que eu estava bem de saúde e reconheceram que exageraram nos seus preconceitos. A esperança é sempre a última a morrer, mesmo quando decide permanecer escondida na caixa de Pandora: a nossa missão é retirá-la de lá e estabelecer o sossego no lar.
As discussões familiares por causa do supracitado são responsáveis pela desistência de várias pessoas, especialmente adolescentes, de tornarem-se vegetarianas ou veganas. É uma pressão avassaladora quando ficamos sozinhos e sem o apoio de quem mais amamos, porque precisamente esperamos deles compreensão e não o contrário. É uma situação frustrante inicialmente, pelo que tem-se de construir uma estratégia que leve à aceitação gradual por parte da família.
O que podes, então, fazer?
Explica aos teus pais os motivos para a tua mudança. É importante que eles entendam que existem razões éticas para parar de comer animais e que não é uma fase ou uma vontade de aderir a uma “moda”. Se apresentares motivos sérios é mais provável que os teus pais compreendam a tua decisão.
Apresenta os benefícios da nutrição vegetariana. Geralmente, os pais não aceitam que a(o) filha(o) passe a ter uma alimentação vegetariana por causa da saúde. Fomos educados e habituados a incluir e ater como protagonistas imensos produtos de origem animal na nossa alimentação, o que contrasta bastante com uma dieta totalmente vegetal. Isso faz com que pensemos que esse tipo de alimentação não é suficiente a nível nutricional e que levará a diversos problemas.
Precisamente por isso, é importante fazer uma pesquisa com fontes credíveis e mostrar o quanto ricos nutricionalmente são os alimentos de origem vegetal. Eu aconselho o site do Physicians Committee For Responsible Medicine, por pertencer a um grupo com cerca de doze mil profissionais no ramo da medicina que estudam e comprovam as grandes vantagens da alimentação vegetal e como esta é exequível para toda a gente. Ao mostrares que tens francos conhecimentos sobre este assunto, os teus pais vão perceber que és responsável e vão conseguir confiar mais em ti.
Também podes referir exemplos que mostram as vantagens de certos alimentos vegetais em comparação com os produtos de origem animal.
Todos os nutrientes podem ser encontrados no universo alimentar exclusivamente vegetal, pelo que a chave para ter uma saúde de ferro é, simplesmente, conhecer o que se come. Somente a vitamina B12 é que é difícil de ser encontrada, pelo que convém ser suplementada. Antes que isso seja usado para argumentar contra uma alimentação sem produtos de origem animal, é preciso ter estas considerações em conta:
O que podes, então, fazer?
Explica aos teus pais os motivos para a tua mudança. É importante que eles entendam que existem razões éticas para parar de comer animais e que não é uma fase ou uma vontade de aderir a uma “moda”. Se apresentares motivos sérios é mais provável que os teus pais compreendam a tua decisão.
Apresenta os benefícios da nutrição vegetariana. Geralmente, os pais não aceitam que a(o) filha(o) passe a ter uma alimentação vegetariana por causa da saúde. Fomos educados e habituados a incluir e ater como protagonistas imensos produtos de origem animal na nossa alimentação, o que contrasta bastante com uma dieta totalmente vegetal. Isso faz com que pensemos que esse tipo de alimentação não é suficiente a nível nutricional e que levará a diversos problemas.
Precisamente por isso, é importante fazer uma pesquisa com fontes credíveis e mostrar o quanto ricos nutricionalmente são os alimentos de origem vegetal. Eu aconselho o site do Physicians Committee For Responsible Medicine, por pertencer a um grupo com cerca de doze mil profissionais no ramo da medicina que estudam e comprovam as grandes vantagens da alimentação vegetal e como esta é exequível para toda a gente. Ao mostrares que tens francos conhecimentos sobre este assunto, os teus pais vão perceber que és responsável e vão conseguir confiar mais em ti.
Também podes referir exemplos que mostram as vantagens de certos alimentos vegetais em comparação com os produtos de origem animal.
Todos os nutrientes podem ser encontrados no universo alimentar exclusivamente vegetal, pelo que a chave para ter uma saúde de ferro é, simplesmente, conhecer o que se come. Somente a vitamina B12 é que é difícil de ser encontrada, pelo que convém ser suplementada. Antes que isso seja usado para argumentar contra uma alimentação sem produtos de origem animal, é preciso ter estas considerações em conta:
• A B12 é de origem bacteriana, pelo que não é correcto afirmar que é exclusivamente de origem animal. Nos produtos de origem vegetal é basicamente impossível de consegui-la devido à manipulação dos solos e/ou às regras rigorosas de higiene;
• A deficiência de B12 afecta tanto vegetarianos estritos (50%) como entusiastas de carne (40%), pelo que é errado classificá-la como um problema exclusivo dos vegetarianos;
• De acordo com o Vitamina B12 e Saúde, um site exclusivamente dedicado à transacta, é recomendado que todas as pessoas suplementem, mesmo as que têm uma alimentação omnívora;
• Os animais explorados para consumo também recebem suplementos de B12, pelo que faz mais sentido tomarmos nós próprios o suplemento do que dá-lo ao animal para depois o matar;
• Existem cereais, leites vegetais, iogurtes vegetais e levedura nutricional que são enriquecidos com B12.
Mostrar artigos de nutricionistas sobre esta alimentação é igualmente importante. Seja online ou em livro, mostra que estás realmente bem informada/o e que as fontes das tuas informações são plenamente confiáveis. Eis alguns textos imprescindíveis:
Linhas de orientação para uma alimentação vegetariana saudável, Direcção-Geral de Saúde
Alimentação vegetariana em idade escolar, Direcção-Geral de Saúde
Cálcio na dieta vegetariana, George Guimarães
Ferro na dieta vegetariana, George Guimarães
O que eu coloco no lugar da carne?, George Guimarães
30 informações importantes sobre a B12, Eric Slywitch
Malefícios do leite de vaca, Magda Roma
Como obter proteína suficiente? O mito da proteína, PCRM
Produtos lácteos não protegem os ossos, PCRM
Dieta vegetariana para crianças e jovens, PCRM
Como evitar os défices nutricionais numa dieta de base vegetal, Sandra Silva
10 dicas para iniciar uma alimentação vegetariana, Sandra Silva
• A deficiência de B12 afecta tanto vegetarianos estritos (50%) como entusiastas de carne (40%), pelo que é errado classificá-la como um problema exclusivo dos vegetarianos;
• De acordo com o Vitamina B12 e Saúde, um site exclusivamente dedicado à transacta, é recomendado que todas as pessoas suplementem, mesmo as que têm uma alimentação omnívora;
• Os animais explorados para consumo também recebem suplementos de B12, pelo que faz mais sentido tomarmos nós próprios o suplemento do que dá-lo ao animal para depois o matar;
• Existem cereais, leites vegetais, iogurtes vegetais e levedura nutricional que são enriquecidos com B12.
Mostrar artigos de nutricionistas sobre esta alimentação é igualmente importante. Seja online ou em livro, mostra que estás realmente bem informada/o e que as fontes das tuas informações são plenamente confiáveis. Eis alguns textos imprescindíveis:
Linhas de orientação para uma alimentação vegetariana saudável, Direcção-Geral de Saúde
Alimentação vegetariana em idade escolar, Direcção-Geral de Saúde
Cálcio na dieta vegetariana, George Guimarães
Ferro na dieta vegetariana, George Guimarães
O que eu coloco no lugar da carne?, George Guimarães
30 informações importantes sobre a B12, Eric Slywitch
Malefícios do leite de vaca, Magda Roma
Como obter proteína suficiente? O mito da proteína, PCRM
Produtos lácteos não protegem os ossos, PCRM
Dieta vegetariana para crianças e jovens, PCRM
Como evitar os défices nutricionais numa dieta de base vegetal, Sandra Silva
10 dicas para iniciar uma alimentação vegetariana, Sandra Silva
Vitamina D, Sandra Silva
O que comer no dia-a-dia para ter uma alimentação vegetariana saudável, Sandra Silva
Tabela nutricional com alimentos de origem vegetal e de origem animal, valores oferecidos pela USDA
Livro Virei Vegetariano, e Agora?, Eric Slywitch
Livro Como Não Morrer, Michael Greger
Incentiva os teus pais a descobrir as maravilhas da cozinha vegetariana. Quem costuma preparar as refeições em casa pode encontrar dificuldades em preparar algo para comeres. Por isso, toca a colocar o avental, as mãos na massa e começar a cozinhar (e aqui entra a importância da autonomia alimentar). Se te esforçares, os teus pais entenderão que a tua decisão não é uma brincadeira e ficarão mais interessados em participar. Há milhares de sites de culinária vegetariana: faz uma breve pesquisa e ficarás admirada/o com a quantidade de pratos deliciosos que podes fazer! Também já existe uma boa quantidade de livros de receitas sem crueldade, facilmente encontrados em livrarias físicas e online.
O que comer no dia-a-dia para ter uma alimentação vegetariana saudável, Sandra Silva
Tabela nutricional com alimentos de origem vegetal e de origem animal, valores oferecidos pela USDA
Livro Virei Vegetariano, e Agora?, Eric Slywitch
Livro Como Não Morrer, Michael Greger
Incentiva os teus pais a descobrir as maravilhas da cozinha vegetariana. Quem costuma preparar as refeições em casa pode encontrar dificuldades em preparar algo para comeres. Por isso, toca a colocar o avental, as mãos na massa e começar a cozinhar (e aqui entra a importância da autonomia alimentar). Se te esforçares, os teus pais entenderão que a tua decisão não é uma brincadeira e ficarão mais interessados em participar. Há milhares de sites de culinária vegetariana: faz uma breve pesquisa e ficarás admirada/o com a quantidade de pratos deliciosos que podes fazer! Também já existe uma boa quantidade de livros de receitas sem crueldade, facilmente encontrados em livrarias físicas e online.
Se não és um ás da culinária, sempre podes levar os teus pais a um restaurante vegetariano para eles ficarem com uma ideia positiva sobre este tipo de alimentação.
Vê também algumas dicas de refeições baratas e de refeições para comer fora de casa:
4 refeições veganas e baratas, Tasty Vegetarian
Planeamento de refeições vegetais e económicas — [x] [x] [x] [x]
10 refeições vegetarianas para comer fora de casa, Compassionate Cuisine
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Planeamento de refeições vegetais e económicas — [x] [x] [x] [x]
10 refeições vegetarianas para comer fora de casa, Compassionate Cuisine
Tem uma consulta com uma nutricionista. Mudanças na alimentação, sejam elas de que género for, devem receber orientação profissional. Além disso, cada corpo é único e tem as suas necessidades, daí esse acompanhamento ser de suma importância – e assim também aproveitas para partilhar mais informação com os teus pais, sendo esta vinda de alguém que tem conhecimento e, por isso, é de absoluta confiança.
Algumas nutricionistas que te podem ajudar:
Há quem veja o veganismo como um desperdício de tempo, por achar que isso não impedirá as indústrias que exploram animais de funcionar. Se individualmente o veganismo é a posição ética de não ver os animais como uma coisa, em grupo já provocou alguns tremores na pecuária: estima-se que menos de quatrocentos milhões de animais foram mortos em 2015 em relação a 2007, precisamente pela diminuição do consumo de carne.
Sensibilizar para a interrupção definitiva do consumo de animais é sempre uma mais-valia. Todavia, se a tua família continua a não aceitar a tua decisão, procura não falar constantemente sobre o assunto. É um erro crasso porque gerará discussões que podem ser evitadas e aumentará o clima de tensão entre ti e os teus familiares. Procura desprezar as brincadeiras e as críticas de que serás alvo: infelizmente, nem todos vêem os animais como um ser senciente com direitos naturais, por mais que isso seja explicado. Se falarem que agora só comes comida de coelho, que emagreceste (podes ter engordado cem quilos que receberás esse comentário na mesma) e que te tornaste extremista, procura não retaliar ofensivamente: responde calmamente e de um modo claro e distinto, mostrando que tens capacidades argumentativas superiores às provocações sem nexo.
Em suma:
Não te deixes abater, por mais que te sintas desmoralizada(o).
Não uses a violência para combater a violência. Mostra que a compaixão é a melhor arma contra o especismo mais embirrento.
Dialoga, justifica e, se for necessário, mostra vídeos que expõem a crueldade presente nas acções especistas. Vai à videoteca do blogue e convida os teus pais a assistir aos documentários. Também podes entrar em contacto comigo se tiveres dúvidas ou precisares de desabafar.
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