Um estudo revelou que uma alimentação vegetariana poderia reduzir, drasticamente, o número de casos anuais de cancro no Reino Unido. Só o corte do consumo de carne vermelha e processada levaria a menos 8,800 casos de cancro.
A estimativa é da Cancer Research UK, uma instituição de caridade que financia pesquisas para compreender, analisar e encontrar formas de eliminar o cancro. Numa publicação, a organização destacou as evidências científicas que conectam a carne bovina, ovina e suína e a carne processada (como bacon, carnes frias, salsichas e presunto) a um aumento do risco de cancro. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, uma alimentação rica em carne vermelha causa até 50,000 mortes por ano, enquanto o consumo de carne processada é responsável por 34,000.
No Reino Unido (assim como em Portugal e noutros países), o consumo desses produtos de origem animal é elevado. Apesar da revelação de que esses produtos aumentam o risco de cancro não ser uma novidade, cada vez mais estudos enfatizam a importância de uma dieta vegetal para mantermos uma boa saúde.
Em Junho do ano passado, um estudo da World Cancer Research Fund (WCRF) provou que, mesmo em quantidades mínimas, a carne processada aumenta o risco de cancro. O mesmo estudo indicou que cerca de 30 a 50% de todos os diagnósticos de cancro são evitáveis através da eliminação completa do consumo de carne vermelha. Em Maio, a WCRF divulgou um relatório no qual aduziu que uma dieta totalmente vegetal, bem como evitar bebidas açucaradas e tabaco, ajuda a reduzir o risco de cancro — incluindo o do estômago, mama, cólon, próstata e pulmão — até 40%.
Já outra investigação, publicada no JAMA Internal Medicine, concluiu que uma dieta rica em gordura de origem animal, como a cetogénica, aumenta o risco de cancro do cólon. Em contraste está a dieta vegetariana, que faz o efeito contrário.
A Cleveland Clinic também fez uma pesquisa e constatou o mesmo: uma alimentação rica em carne tem um impacto negativo na saúde em geral, aumentando o risco de doenças cardíacas em 1000%.
Então e o peixe, os lacticínios, os ovos e o mel?
Apesar dos estudos focarem-se primordialmente nos malefícios da carne vermelha, não significa que os restantes produtos de origem animal sejam incólumes. Amanda Woodvine, nutricionista sénior, é peremptória: produtos de origem animal — até mesmo as chamadas carnes brancas, de aves — são comummente associados a grandes quantidades de gordura saturada e substâncias que provocam insuficiência renal, derrames, diversos tipos de cancro e entopem as artérias de colesterol. Para além de todos esses malefícios, também há fortes evidências de que o consumo excessivo de proteína desempenha um papel desencadeador destas e de outras doenças.
“Há um caso convincente de que a proteína animal — independentemente dos outros nutrientes que a acompanham — aumenta o risco de cancro, aterosclerose, osteoporose e diabetes tipo 2. Provas fortíssimas vieram do The China Study, um dos maiores e mais abrangentes estudos já realizados para examinar as ligações entre dieta e doença. Grandes diferenças foram observadas nas taxas de doença quando a quantidade de alimentos de origem animal que as pessoas comiam eram comparadas com os alimentos vegetais.”
Sobre o consumo de leite e osteoporose, Francisco Varatojo deixou um livro com preciosa informação, fruto de minuciosas leituras científicas. Em Mente São, Corpo São, registou o seguinte:
“O número de investigadores que acha que o leite e seus derivados não são bons para a saúde cresce todos os dias. Muitos nomes reconhecidos na comunidade científica internacional têm escrito e realizado alocuções públicas em que questionam o uso dos produtos lácteos, afirmando que toda a publicidade feita aos mesmos não tem base científica e serve meramente os interesses de grandes empresas comerciais. (...)De facto, cada vez mais pesquisadores desaconselham o consumo de leite animal. Um estudo levado a cabo por cientistas suecos mostrou que as mulheres que bebem três copos de leite por dia, ou mais, têm maior incidência de fracturas ósseas (um aumento de risco em 60%) e um risco aumentado de mortalidade por doenças cardíacas e cancro.
Estudos mais recentes demonstram não só que a ingestão de produtos lácteos não reduz a incidência de osteoporose como, pelo contrário, pode contribuir para a mesma. Apesar de a osteoporose não ter que ver apenas com o consumo de cálcio, este é necessário. Segundo o American Journal of Clinical Nutrition, a absorção de cálcio de diferentes alimentos é a seguinte: Couve-de-bruxelas – 63.8%; Brócolos – 52.6%; Rama de nabo – 51.6%; Couve – 50%; Leite de vaca – 32% . Portanto, não só é possível obter cálcio a partir de muitos outros alimentos, como o mesmo é tão bem ou melhor assimilado nestes do que no leite de vaca.”
Mais do que desnecessário para a nossa saúde, o leite e os seus derivados são extremamente cruéis. As vacas são continuamente inseminadas artificialmente, aguentando ciclos reprodutivos sem fim: esse procedimento é necessário para que a produção de leite seja continuamente assegurada. Assim como as fêmeas humanas, formam laços maternais imediatos com as suas crias quando estas nascem. No entanto, os bezerros são separados das mães para que não bebam o leite. Nas quintas orgânicas, para estimular a produção de leite, o bezerro é deixado junto com a mãe, mas munido de um anel ou de uma placa no nariz para que não possa mamar. Independentemente de estarem ao ar livre ou em regime fechado, o destino das mães e dos filhos é o mesmo: as fêmeas são exploradas até não produzirem mais leite, sendo abatidas e vendidas como carne barata. Geralmente vivem até aos cinco anos, quando a esperança média de vida natural ronda os vinte. Os machos são isolados e confinados em espaços individuais, mal alimentados e mortos apenas com alguns meses para serem vendidos como carne de vitela. Na fotografia, um bezerro acabado de nascer é levado para longe da sua mãe. Autoria: Jo-Anne McArthur | We Animals
Quanto aos ovos, cerca de 60% das suas calorias provêm da gordura, que por sua vez é maioritariamente saturada. Cada ovo médio tem cerca de 200mg de colesterol (mais do dobro do colesterol existente num Big Mac), elemento associado a diversas enfermidades.
Um estudo do Canadian Journal of Cardiology descobriu que as pessoas que consomem ovos regularmente têm 19% mais risco de contrair problemas cardiovasculares, em comparação aos que consomem muito raramente ou que não consomem de todo.
Outra investigação apontou que uma dieta rica em gordura pode contribuir para uma resistência à insulina. Uma revisão de 14 estudos, publicados na revista Atherosclerosis, referiu que um maior consumo de ovos aumenta o risco de diabetes em 68%. Outra revisão encontrou resultados semelhantes: o risco de diabetes cresce 39% em pessoas que comem três ou mais ovos por semana.
O peixe e outros animais marinhos que comemos também são prescindíveis: embora a recomendação comum seja consumir peixe três vezes por semana, cada vez mais estudos denunciam a presença de substâncias preocupantes.
A Environmental Working Group (EWG) fez uma análise com um resultado alarmante: os peixes mais consumidos (bem como os denominados “frutos do mar”) apresentaram uma dose de mercúrio considerada perigosa, principalmente para mulheres grávidas. Quanto ao consumo de peixe para obtenção de ómega-3, a EWG também frisou que os níveis encontrados nos peixes e crustáceos mais consumidos têm uma classificação bastante baixa desse nutriente.
Além do mercúrio, os animais marinhos mortos para consumo também apresentam níveis elevados de dioxinas e bifenilos policlorados, ambos nocivos. E isto sem contar com o plástico por eles ingerido e, consequentemente, ingerido por quem os come.
Por fim, também há uma palavra a dizer sobre o mel. Para além de ter os mesmos efeitos que o açúcar nos níveis de glucose no sangue, possui uma bactéria denominada Clostridium, que pode causar botulismo nas crianças.
Notícia principal traduzida e adaptada do Livekindly
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