Seguir uma alimentação sem quaisquer produtos de origem animal pode ajudar a reduzir o risco do cancro do cólon, de acordo com um estudo publicado no jornal JAMA Internal Medicine.
O estudo, que avaliou 77,000 adultos, ressaltou que, em média, uma dieta vegetariana e rica em frutas, vegetais, grãos integrais, feijões e nozes pode reduzir o risco de cancro do cólon em 16%. No caso do cancro rectal, uma dieta sem carne reduz o risco em 29%. Para pessoas que reduzem o consumo de carne, ou aquelas que comem carne menos de uma vez por semana, o risco de cancro do cólon foi reduzido para 8%.
Contrastando com estes valores, os profissionais médicos descobriram que as dietas ricas em produtos animais, como a cetogénica e a paleo, não diminuem o risco. Um estudo recente relacionou o consumo regular de carne vermelha com cancro do cólon em mulheres. Por 17 anos, os investigadores analisaram 32,000 mulheres: as que consumiam regularmente carne vermelha aumentavam o risco de desenvolver cancro do cólon, em comparação com as mulheres que consumiam uma quantidade menor ou nenhuma carne.
De acordo com a dietista Tamara Duker Freuman, a dieta cetogénica, ou dieta keto, promove uma alimentação de alto risco em relação a doenças graves. A dieta privilegia a gordura, pelo que 70 a 80% das calorias são provenientes de gorduras, enquanto 10 a 20% das calorias são derivadas de proteínas e 5 a 10% de hidratos de carbono. Apontada como benéfica para perder peso, esta dieta tornou-se bastante popular: no entanto, Freuman e outros médicos alertam para os problemas que esta pode acarretar.
A dietista escreveu um artigo no U.S. News & World Report no início deste ano, referindo-se à dieta cetogénica como “um exemplo clássico de um padrão dietético com alto risco de cancro.” Também acrescentou que essa dieta “é demasiado risca em gorduras animais em geral e em carne vermelha em particular”, ao mesmo tempo que é “muito baixa em alimentos ricos em fibra como as frutas, vegetais, feijões e grãos integrais.”
Freuman alertou que todas as faixas etárias, e não apenas as pessoas mais velhas, precisam de levar a sério estes avisos. “O cancro do cólon não é apenas algo que acontece com os avós: também afecta cada vez mais netos milenares”, observou.
Por último, a dietista não é a única a advertir as pessoas para que se mantenham afastadas das dietas keto e paleo. Também neste ano, uma pesquisa sugeriu que dietas com baixo teor em hidratos de carbono e com alto teor de carne podem encurtar a expectativa de vida. De 432,000 pessoas, as que consumiram uma quantidade moderada de hidratos de carbono (cerca de 50% da sua ingestão calórica diária) apresentaram uma taxa de mortalidade mais baixa do que aquelas que seguiram dietas com poucos hidratos.
De recordar que, em Janeiro deste ano, foi anunciado um documentário que promete expor a farsa da indústria das dietas para perder peso. Diet Fiction (anteriormente The Yoyo Effect) conta com o conhecimento de 33 médicos, incluindo o presidente do PCRM, Dr. Neal Barnard, o autor do livro Como Não Morrer, Dr. Michael Greger, e a Dra. Angie Sadeghi, gastroenterologista e especialista em perda de peso.
Michal Siewierski, o realizador, comentou que fez o documentário para consciencializar sobre este assunto. Segundo ele, o público necessita de informação para alcançar os seus objectivos de uma forma saudável e sustentável, coisa que as dietas plenas de gordura e produtos de origem animal não oferecem. “Entristece-me ver tantas pessoas a tentar todas essas dietas e que são, na melhor das hipóteses, ineficazes a longo prazo, além de poderem ser extremamente perigosas. As pessoas estão a seguir novas dietas da moda, como a cetogénica e a paleo, e a fazer coisas tão insanas como colocar manteiga no café para perder peso, ingerir quantidades copiosas de gordura, beber batidos proteicos com caldo de ossos ou a consumir proteínas de insectos – e tudo isso beira o ridículo.”
De acordo com as informações do site oficial, o documentário estará disponível neste Outono.
Notícia traduzida e adaptada de Livekindly.
Imagem: Google
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