São vários os estudos que revelam a contribuição de uma alimentação totalmente vegetal para uma distribuição mais justa dos alimentos, sendo o mais recente do Weizmann Institute of Science, de Israel. Este estudo aponta que, se substituíssemos todos os produtos de origem animal na nossa alimentação por produtos de origem vegetal com um valor nutricional semelhante, teríamos capacidade para alimentar centenas de milhões de pessoas.
Cerca de um terço da comida produzida no mundo para consumo humano é perdida ou desperdiçada todos os anos. Contudo, de acordo com os autores do novo estudo, existe um outro tipo de desperdício alimentar que não é contabilizado e que se prende com os hábitos alimentares da maioria da população, cujas consequências passam pelo esbanjamento dos recursos ambientais. Os investigadores classificam-no como “desperdício alimentar de oportunidade”, um conceito económico referente ao custo de se escolher uma determinada alternativa em detrimento de melhores opções. Este tipo de desperdício decorre da utilização de terras agrícolas para a produção de alimentos de origem animal em vez de alimentos de origem vegetal com valores nutricionais semelhantes.
Os cientistas calcularam que, só nos EUA, a substituição de todos os produtos de origem animal por alimentos totalmente vegetais proporcionaria comida suficiente para alimentar mais 350 milhões de pessoas, o que ultrapassa a população total do país e sem ser necessário usarem-se mais terras.
“A nossa análise mostrou que o favorecimento de uma dieta à base de alimentos de origem vegetal poderá potencialmente produzir mais comida do que a eliminação de todas as causas convencionais de desperdício alimentar”, declarou Alon Shepon, principal autor do estudo.
Os investigadores compararam os recursos necessários para a produção de quatro categorias de alimentos de origem animal – carne de vaca, carne de porco, lacticínios, carne de aves e ovos – com os recursos necessários para produzir culturas com um valor nutricional semelhante em termos de proteína, calorias e micronutrientes. A equipa descobriu que os alimentos “substitutos” de origem vegetal conseguiam produzir entre 2 e 20 vezes mais proteína por acre.
O Brasil é o maior exportador de carne do mundo e 38% de toda nossa produção vem da Amazónia. Dos 750.000 km2 que já foram destruídos na floresta, 60% são ocupados por pastos. Até hoje a pecuária extensiva é a maior responsável pela desflorestação na Amazónia.
Os resultados mais drásticos foram obtidos relativamente à carne de vaca. Os cientistas compararam-na com uma mistura de plantações – soja, batatas, cana-de-açúcar, amendoins e alho – que tem um valor nutricional semelhante, quando combinadas em proporções certas. A área que produziria 100 gramas de proteína destas plantações apenas proporcionaria 4 gramas de proteína de carne de vaca. Por outras palavras, a utilização de terrenos agrícolas para produzir carne de vaca em vez da mistura de plantações supracitada resulta num desperdício alimentar de oportunidade que atinge os 96%. Este exemplo mostra o ganho potencial se os terrenos agrícolas para a produção de carne de vaca fossem redireccionados para a produção de alimentos de origem vegetal.
Para as outras categorias de alimentos de origem animal, os resultados também foram significativos: uma perda de 90% para a carne de porco, 75% para os lacticínios, 50% para a carne de aves e 40% para os ovos.
“O desperdício alimentar de oportunidade deve ser tido em consideração se queremos fazer escolhas dietéticas que reforçam a segurança alimentar global”, frisou o professor Ron Milo, co-autor do estudo.
Para além desta investigação, a ligação da fome mundial com a produção de alimentos de origem animal foi denunciada no documentário Meat The Truth, onde os problemas ambientais impostos por este tipo de alimentação também são analisados.
Notícia retirada do portal Uniplanet
Imagem | Google
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