O termo cruelty-free aplica-se a produtos que não foram testados em animais, sendo que só pode ser considerada totalmente livre de testes em animais toda a empresa que:
– Não realize testes em animais;
– Não compre ingredientes a fornecedores que testam em animais;
– Não envie ingredientes para que terceiros testem em animais;
– Não venda em regiões que obrigam testes em animais.
Já para ser classificado como vegano, um produto, além de cruelty-free, não deve ter nenhum ingrediente de origem animal.
Infelizmente, muitas marcas continuam a sujeitar-se a um sistema que sacrifica milhares de animais por ano, sendo que algumas delas são erradamente vistas como livres de crueldade pelos consumidores. Abaixo seguem alguns exemplos.
Nota de actualização (27/01/2020): Para a lista ficar mais completa, foram acrescentados os prints das declarações das marcas apresentadas, bem como as respectivas traduções e outros materiais considerados relevantes.
1. CAUDALIE
Declaração da Caudalie no seu site. {fonte}
Desde que foi fundada que a Caudalie é contra os testes em animais. Nenhum dos nossos produtos ou ingredientes que usamos são testados em animais, de acordo com os regulamentos europeus. Utilizamos métodos alternativos para testar os nossos ingredientes e produtos acabados.
Dito isto, na China, onde os nossos produtos são distribuídos, as autoridades podem impor testes aleatórios em animais. Estamos comprometidos com a abolição desses testes (...) É por isso que financiamos a IIVS, que actualmente está a pressionar o governo chinês para que pratique métodos alternativos. (...)
Como já foi explicado aqui, todas as empresas/marcas que queiram comercializar na China precisam de assinar um acordo no qual autorizam que os seus produtos sejam testados em animais. Sendo assim, empresas/marcas nessas circunstâncias não podem ser consideradas cruelty-free, mesmo que não sejam elas próprias a testar em animais.
2. PHEBO
A Granado, proprietária da Phebo, cedeu 35% do seu negócio para a Puig, uma gigante espanhola que também possui marcas conhecidas como a Prada, Paco Rabanne, Nina Ricci e Antonio Banderas.
A Puig nada revela sobre a sua política de testes em animais: contudo, vende na China.
Apesar da Granado/Phebo não ser vendida no país, não deixa de ser uma marca pertencente a uma empresa ligada a testes abusivos. Ao comprarmos algo dessa marca estamos a dar dinheiro à Puig: por outras palavras, o nosso dinheiro beneficiará uma empresa que continua a testar em animais.
Declaração da Granado no seu site. {fonte}
A Puig nada revela sobre a sua política de testes em animais: contudo, vende na China.
Excerto de uma entrevista da Financial Times a Marc Puig, presidente da empresa. {fonte}
Apesar da Granado/Phebo não ser vendida no país, não deixa de ser uma marca pertencente a uma empresa ligada a testes abusivos. Ao comprarmos algo dessa marca estamos a dar dinheiro à Puig: por outras palavras, o nosso dinheiro beneficiará uma empresa que continua a testar em animais.
3. RISQUÉ
A Risqué foi comprada pela Coty Inc., empresa que já foi citada aqui e que, como tantas outras, testa em animais para cumprir os requisitos chineses.
A condição da Risqué é a mesma da Granado/Phebo: mesmo não sendo comercializada na China, a sua compra favorece uma empresa que perpetua a exploração animal.
A Risqué foi comprada pela Coty Inc., empresa que já foi citada aqui e que, como tantas outras, testa em animais para cumprir os requisitos chineses.
A condição da Risqué é a mesma da Granado/Phebo: mesmo não sendo comercializada na China, a sua compra favorece uma empresa que perpetua a exploração animal.
4. MUSTELA
No site francês declara não testar em animais e não oferece mais informações. Tentei contactar a Mustela France, Mustela USA e a Expanscience Laboratoires (a sua empresa) mas nunca recebi resposta. No entanto, a China está presente na sua lista de países.
Website da Mustela, que inclui uma plataforma chinesa. {fonte}
Secção Mustela In The World, que mostra onde a marca está estabelecida globalmente. {fonte}
Pesquisei sobre a Profex e no seu site apresenta-se desta forma (podem ler na íntegra aqui, em inglês):
Fundada em 2001 e sediada em Xangai, a Profex é a primeira empresa global especializada em saúde geral, com foco na saúde da pele e estética médica na China Continental. A Profex tem se dedicado continuamente a explorar, licenciar, adquirir e comercializar os principais produtos dermatológicos e de cuidados com a pele para atender clientes e consumidores chineses. A Profex tem desenvolvido parcerias estratégicas de longo prazo com empresas multinacionais, como parceira exclusiva da comercialização no mercado chinês.
O papel da Profex clarifica as coisas, ao ser o elo de ligação entre a Mustela e a sua comercialização na China. Sendo assim, a Mustela é, de facto, vendida no país e, portanto, os seus produtos são testados em animais.
5. L'OCCITANE
Mais uma multinacional que vende na China.
Declaração da L'OCCITANE sobre os testes em animais no seu site dos Estados Unidos. {fonte}
A L'OCCITANE é contra o uso de animais para testar produtos de beleza (...). Na China, onde as marcas do Grupo também são vendidas, os produtos de beleza importados precisam de ser submetidos a testes obrigatórios (...) em laboratórios governamentais antes de serem aprovados para venda no país..
Já o disse um milhão de vezes e torno a dizê-lo: empresas que são verdadeiramente contra os testes em animais não aceitam comercializar numa região que exige esses testes por lei. Mesmo quando a empresa não realiza testes em animais, ao permitir que os seus itens sejam testados por outros está a ser tolerante com essa prática cruel.
6. HERBAL ESSENCES
A Herbal Essences é uma prova de que não podemos confiar em ONG's que conferem certificações e selos cruelty-free. Em Fevereiro de 2019, esta marca foi notícia por ter conquistado a certificação da PETA, comprometendo-se, também, a não testar em animais e a não ter os seus produtos testados em circunstância alguma, incluindo na China.
Além de pertencer à Procter & Gamble, uma empresa que testa em animais, qualquer marca vendida na China, mesmo quando estabelece acordos com as fábricas e autoridades locais, não consegue escapar totalmente aos testes em animais. Isso deve-se por um requisito da lei pós-comercialização, que exige a retirada de produtos já à venda para serem testados em animais em caso de reclamação ou de necessidade em conferir se o produto cumpre os critérios de segurança.
Para saber mais sobre esse assunto, ler “A China e os Testes em Animais”.
A Herbal Essences é uma prova de que não podemos confiar em ONG's que conferem certificações e selos cruelty-free. Em Fevereiro de 2019, esta marca foi notícia por ter conquistado a certificação da PETA, comprometendo-se, também, a não testar em animais e a não ter os seus produtos testados em circunstância alguma, incluindo na China.
Além de pertencer à Procter & Gamble, uma empresa que testa em animais, qualquer marca vendida na China, mesmo quando estabelece acordos com as fábricas e autoridades locais, não consegue escapar totalmente aos testes em animais. Isso deve-se por um requisito da lei pós-comercialização, que exige a retirada de produtos já à venda para serem testados em animais em caso de reclamação ou de necessidade em conferir se o produto cumpre os critérios de segurança.
Para saber mais sobre esse assunto, ler “A China e os Testes em Animais”.
7. LOVE BEAUTY AND PLANET
Também certificada pela PETA, A Love Beauty and Planet pertence à Unilever, uma das empresas que mais tortura e mata animais para testes.
No Ethical Consumer, um portal que publica informações sobre o comportamento social, ético e ambiental de milhares de empresas, a Unilever está com a pior classificação na categoria de política de testes em animais. De acordo com o mesmo portal, a Unilever “embora pareça trabalhar para acabar com o uso de animais em testes no sector cosmético, alimentar e de limpeza doméstica, opera em países que ainda exigem testes em animais”.
A gigante multinacional também está envolvida noutros escândalos: conivência com o desmatamento de florestas na ilha de Sumatra e exploração humana são algumas delas.
A Unilever, bem como outras empresas com condutas pouco éticas, recorre ao greenwashing para passar a falsa ideia de que está a lutar contra os problemas relativos ao ambiente e ao bem-estar animal, de modo a cativar os consumidores. A Love Beauty and Planet é um exemplo disso.
Por fim, a Unilever continua a comercializar os seus produtos onde testes em animais são requeridos por lei quando tem a opção de não o fazer. Comprar as suas marcas, incluindo a Love Beauty and Planet, é dar dinheiro a uma empresa que lucra por cima do sofrimento e morte de milhares de animais.
Excerto da declaração da Unilever no seu site. Ler na íntegra aqui.
Ocasionalmente, em todo o nosso portefólio, alguns dos ingredientes que usamos precisam de ser testados pelos nossos fornecedores para cumprir com os requisitos legais e regulamentares em alguns mercados; e alguns governos testam certos produtos em animais como parte dos seus regulamentos.
No Ethical Consumer, um portal que publica informações sobre o comportamento social, ético e ambiental de milhares de empresas, a Unilever está com a pior classificação na categoria de política de testes em animais. De acordo com o mesmo portal, a Unilever “embora pareça trabalhar para acabar com o uso de animais em testes no sector cosmético, alimentar e de limpeza doméstica, opera em países que ainda exigem testes em animais”.
A gigante multinacional também está envolvida noutros escândalos: conivência com o desmatamento de florestas na ilha de Sumatra e exploração humana são algumas delas.
A Unilever, bem como outras empresas com condutas pouco éticas, recorre ao greenwashing para passar a falsa ideia de que está a lutar contra os problemas relativos ao ambiente e ao bem-estar animal, de modo a cativar os consumidores. A Love Beauty and Planet é um exemplo disso.
Por fim, a Unilever continua a comercializar os seus produtos onde testes em animais são requeridos por lei quando tem a opção de não o fazer. Comprar as suas marcas, incluindo a Love Beauty and Planet, é dar dinheiro a uma empresa que lucra por cima do sofrimento e morte de milhares de animais.
8. NIVEA
A latinha azul mais famosa do mundo continua a ser erradamente vista como uma boa opção para fugir aos hidratantes testados em animais. Contudo, ao pertencer à Beiersdorf Germany, que aceita que os seus produtos sejam testados devido ao regulamento chinês, a Nivea está longe de ser cruelty-free.
Declaração da Nivea no site australiano. {fonte}
A Beiersdorf, organização por trás da marca Nivea, não faz testes em animais. (...)
Todavia, na China, os testes em animais são mandatórios por lei para o registo e certificação oficiais da segurança de determinadas categorias de produtos. Nesse caso, os testes são realizados por instituições locais autorizadas pelo estado e não pelas empresas que vendem o produto. O nosso objectivo é convencer essas autoridades de que os testes em animais para cosméticos são desnecessários (...)
Declaração da Beiersdorf no seu site. {fonte}
Não realizamos nenhuns testes em animais para os nossos produtos cosméticos e respectivos ingredientes (...) – a menos que, em casos muito raros, isso seja especificamente exigido por lei. (...)
A Beiersdorf, além de vender produtos das suas marcas na China, também conduz testes em animais directamente quando requerido por lei. Enquanto muitas marcas preferem não vender os seus produtos quando testes em animais são exigidos, a Beiersdorf, que se diz contra esses testes, escolhe executá-los em vez de recusá-los.
9. SANTE Naturkosmetik
Em Agosto de 2018, a L'Oréal anunciou a aquisição total da empresa alemã Logocos, que inclui as marcas SANTE, Logona, Neobio e Heliotrop.
Manchete da notícia sobre a compra da Logocos pela L'Oréal. {fonte}
10. BIODERMA
A Bioderma não se pronuncia oficialmente sobre este assunto, mas um breve clique no seu site principal mostra que ela está estabelecida na China. Para corroborar, está na lista de marcas a evitar do Logical Harmony, Cruelty Free Kitty, Ethical Elephant e Ari Vegan. Também encontrei este comentário na página de Facebook da Bioderma USA e que comprova que a marca não é cruelty-free.
Para o desenvolvimento dos seus cosméticos, a Bioderma não faz testes em animais. Ademais, todo o produto respeita uma rigorosa tabela de formulações, para garantir a maior segurança dermatológica.
A Bioderma vende alguns produtos na China e podemos assegurar que eles não foram e nunca serão testados em animais.
No entanto, as autoridades chineses podem decidir, por conta própria, testar os produtos de beleza antes de permitir que sejam vendidos no seu país. Nós não interferimos de forma alguma nesse processo e isso não é, de forma alguma, a nossa vontade, os nossos valores ou da nossa responsabilidade.
Breve nota sobre o último parágrafo: a Bioderma está a contradizer-se quando diz não ser da sua vontade que os seus produtos sejam testados pelas autoridades chinesas. Todas as marcas que comercializam na China têm pleno conhecimento do regulamento vigente e que exige testes em animais, pelo que se vende lá é porque assim o quer e, portanto, os testes feitos nos seus produtos também são da sua responsabilidade.
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