Foi a 11 de Setembro de 1916 em Kingsport, no Tennessee, que Mary assinou a sua condenação ao atacar e matar Red Eldridge, um empregado de hotel que fora designado para trabalhar como assistente do treinador de elefantes do circo Sparks World Famous Shows. A notícia da morte de Red Eldrige foi bastante sensacionalizada e carregada com hipérboles e folclore, mas o consenso maioritário debruça-se sobre a versão de que a elefanta estava numa piscina a tomar banho quando o assistente apunhalou-a com um gancho na região próxima da orelha, após o animal deixar cair ao chão restos de uma melancia. O ataque físico enfureceu Mary, que albadrou Red com a tromba e pisou a sua cabeça, esmagando-a. Várias versões foram anunciadas mas, à excepção desta, são bastante imprecisas e exageradas. Algumas testemunhas afirmaram que Mary perfurou o corpo de Red com as suas presas e arremessou-o, já sem vida, para a multidão, enquanto outras referiram que a elefanta agarrou-o calmamente e transportou-o na direcção dos espectadores.
Devido ao sucedido, as pessoas de locais vizinhos ameaçaram proibir a entrada do circo nessas localidades com a presença de Mary. O dono do circo, Phineas Taylor Barnum, solucionou o problema ao ordenar a execução do animal publicamente.
O dia 13 de Setembro do mesmo ano estava muito nublado. A chuva quedava gritante enquanto Mary era conduzida até Erwin, perto da linha do comboio de Clinchfield. 2500 pessoas, entre as quais imensas crianças, assistiram a elefanta a ser erguida pelo pescoço com uma corrente metálica, sendo alçada por um guindaste que estava montado num vagão. A primeira tentativa fracassou devido à corrente não ter conseguido suportar as cinco toneladas do grande animal: Mary tombou pesadamente no chão, cujo impacto fracturou-lhe a bacia. O seu último sopro deu-se na segunda tentativa, quando o enforcamento foi realizado com sucesso. O seu corpo foi enterrado junto à linha do comboio.
Mary não foi a única elefanta a atacar e a matar pessoas. Nos dias actuais, tragédias como esta acontecem, reveladoras de todo o sofrimento abominável pelo qual os elefantes passam quando são utilizados nos circos.
Os elefantes, na sua natureza inalterada, permanecem juntos com a sua família, nomeadamente liderada por uma velha fêmea. Deslocam-se com bastante frequência, chegando a alcançar vinte quilómetros por dia. São bastante sociais, protegendo as crias afincadamente e trocando carinho uns com os outros. Quando um elemento da família morre, os restantes ficam durante horas à volta do corpo, numa nuvem de tristeza e de luto.
Confinar estes animais numa vida artificializada, onde não têm o contacto essencial com outros elefantes e que são impedidos de fazer as suas caminhadas, resulta num conjunto psicológico desastroso que é revelado em ataques de fúria que podem ser fatais. Os elefantes não nasceram para aprender e realizar truques circenses: a admoestação exercida para submetê-los a essas provas espelha-se, depois, num comportamento agressivo. Agressões físicas extremas aplicadas com golpes de ganchos pontiagudos, imobilização enquanto ocorre espancamento brutal, chicoteamentos, pancadas nas áreas corporais mais sensíveis: qualquer ser vivo senciente nestas condições metamorfoseará para um indíviduo perigoso, colocando em risco a vida dos que rodeiam-no pela sua sobrevivência. Casos como o de Mary vitimam seres humanos mas também vitimam os próprios animais, que acabam por ser executados por reagirem contra a condição à qual foram colocados.
O ataque de Mary foi o reflexo do tratamento que era-lhe administrado. Infelizmente, a violência paga-se com mais violência.
Boicotem esta crueldade. Não assistam a circos com animais.
Imagem | The Dodo
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